sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A influência da tecnologia na cultura, nas relações e na educação





           Minha infância pobre no ponto de vista econômico não me possibilitou desfrutar do conforto que era a realidade de meus colegas de escola da época. O colégio onde eu estudava localizava-se no setor central e o endereço era muito longe de minha casa. A demanda da escola era preenchida por mais ou menos 60% de adolescentes de classe média, mesmo com dificuldades financeiras, em 1975 meu pai comprou uma TV em preto e branco. Entre os moradores da redondeza éramos os únicos que possuíam aquele meio de comunicação cobiçado por tantos. A generosidade de meus pais permitiu que nossos visinhos participassem de nossa alegria e todos os dias fazíamos com que as informações chegassem até eles através da nossa televisão. A sala da nossa pobre e pequena moradia era a extensão da casa daquela gente. Bons tempos aqueles.

            A cultura de massa foi substituída pela cultura das mídias onde o número de aparelhos de TV por família aumentou consideravelmente, ganhamos muito com isso, mas perdemos em qualidade de vida e na qualidade das relações interpessoais.  Da cultura das mídias passamos para a cibercultura ou cultura virtual. Lúcia Santaella em seu artigo “Da cultura das mídias a cibercultura” considera sutis as passagens de uma cultura à outra. A velocidade com que as coisas estão acontecendo é tão grande que não temos nem tempo para contemplar os melhoramentos tecnológicos. Trocamos de aparelhos sem nem mesmo termos total intimidade com os antigos só pelo prazer de possuirmos outro com funções mais avançadas. A infinidade de oferta de eletrônicos no mercado desencadeia o vício do consumismo acelerado, fazendo com que trabalhemos mais para possuirmos mais e melhor. Passamos grande parte do nosso tempo tentando aprender a utilizar essas tecnologias e quando aprendemo-las já foram pelos fabricantes substituídas por outras mais avançadas. Estamos no tempo da aprendizagem constante.

            Com dispositivos eletrônicos cada vez mais evoluídos e mais baratos estamos sendo inseridos na cultura do acesso. Com o uso de tantas tecnologias, as informações que nossos cérebros precisam processar não são compatíveis com a capacidade de armazenamento que eles possuem. Essas informações estão chegando até nós através de todos os aparatos eletrônicos que utilizamos em nosso cotidiano. A mobilidade das comunicações está permitindo uma melhor comunicação em distâncias pequenas, médias ou longas. A palestra de Santaella no vídeo dessa postagem deixa isso bem claro.

            Há uma inquietação muito grande por parte de estudiosos com relação a tantas tecnologias e as transformações que elas estão provocando. Heim (1999, 0.31-45) em sua avaliação detalhada, classifica as reações dos críticos no que diz respeito à ciberealidade e o que os computadores estão impactando na cultura e na economia em três tipos: os realistas ingênuos que acreditam que podemos experimentar, mas que os computadores são os poluidores que serão jogados no terreno da experiência simplesmente; os idealistas das redes que acreditam que o mundo das redes é o melhor de todos. "Enquanto o idealista avança com otimismo sem reservas, o realista pisa para trás movido pelo desejo de nos assentar fora da tecnologia." e o terceiro grupo, o dos céticos, esses acreditam que estamos passando por um nascimento confuso. Para Heim nenhuma dessas posições nos ajuda a esclarecer ou a encontrar sentido no que realmente está acontecendo e para  Pierre Levy (2008-p24) a dificuldade de analisar concretamente as implicações sociais e culturais da informática ou multimídia é multiplicada pela ausência radical de estabilidade neste domínio. 

Com o advento da Rede mundial de computadores e seus hiperlinks, surgiu uma nova maneira de se comunicar. A comunicação digital e virtual fez com que mudássemos não só a nossa maneira de ler, mas de interagir com outras pessoas. Hoje para nos comunicar, utilizamos mais a escrita do que antigamente e essa, têm se afastado muito da escrita padrão/formal. Cada usuário da Internet tem acesso a um grande número de informações e também a chance de divulgar seus pensamentos e atitudes.

            Um novo horizonte social surge em nosso meio e o aberto uso das tecnologias, faz com que reflitamos de como a escola está se preparando para auxiliar seus alunos a tirar proveito desse encantador mundo digital que nos cerca.

       A maneira colaborativa de aprender e ensinar proposta pelas novas tecnologias desafia professores a se adaptarem a essa metodologia onde a partilha do conhecimento é inevitável. Muitas tecnologias têm revolucionado esse século, mas as Mídias e Redes sociais têm mudado essa sociedade. Elas estão revolucionando a comunicação e a interação entre as pessoas. Com elas a opinião pública é desprovida de constrangimentos e oferece um grande número de conteúdos informativos. As tecnologias da informação e comunicação desprezam o contato limitado e possibilita um alcance veloz e seguro da informação e da comunicação.

            Se o professor se apropriar de uma prática pedagógica munida com as tecnologias digitais, estará adequando o seu ensino às novas exigências da sociedade, promovendo uma metodologia que contempla a participação ativa de seus alunos.


Referências
 Levy, Pierre, Cibercultura; São Paulo; editora 34, 7ª reimpressão – 2008 - Texto: As tecnologias tem um impacto? 

Um comentário:

  1. Gostei muito de suas reflexões sobre o texto, o vídeo também é muito interessante, pelo jeito ainda vamos ver essas culturas se modificarem ainda mais, ainda mais pelos últimos acontecimentos.

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